14 junho, 2013

MUNDO PARA-LE-LO

Chego em casa, jogo às chaves sobre a mesinha de vidro, são 20h30. Estou exausto, o trânsito dessa cidade é absurdo, o barulho das buzinas dos ônibus, os carros me fechando, fazem com que eu fique mais irritado.
Pego as correspondências, alguns avisos, e as contas como de costume. Sento no sofá, ligo a tv, está passando jornal. Vejo o valor das contas, enquanto estou tomando coragem em levantar do sofa para ir tomar banho.

- Não aguento mais esse semestre... Preciso de férias - resmungo no banho.

Acabo o banho, visto uma camiseta e uma cueca que ainda estava no pilha de roupas para passar. Vou para a cozinha, agora está passando jogo na tv. Abro a geladeira e penso no que preparar para o jantar. Lasanha dessas de microondas ou realmente cozinhar algo? Penso.
Observando o jogo devido ao barulho do vizinho do apartamento ao lado, me frustro ao recordar de que toda quarta-feira é sempre a mesma coisa. Parece que ele dá uma festa, e fica aos gritos quando seu time faz gol. Confesso que sinto falta das fugidas que costumávamos dar nas quartas para ir ao cinema ver um filme novo. Mas esse semestre as aulas tem sido mais puxadas e não dá pra ficar faltando, eu entendo...

Quase pronto o jantar, e terminando de lavar a louça, vou por a roupa para lavar, e dar uma arrumada no quarto. O jogo está acabando, sinal que está na hora quase. Visto um jeans e um casaco, pego os dois capacetes e sigo destino à USP.

Os bares estão sempre cheios, mas em dias de jogo, a faculdade ficam vazia, como se as aulas não fossem importantes. Estaciono onde de costume e envio a sms avisando que cheguei.

         Dez minutos depois.

- Demorou hein.
- Ai, estava com o prof, falando sobre a prova da semana que vem!
- Tudo bem... Vamos?

Na Av. Do Estado, ele segura minha cintura, e vamos sentindo o vento bater no rosto aumentando conforme a velocidade da moto crescia. Chegamos em no apartamento, ele pega a mochila joga sobre o sofá, e tira o all star branco, e coloca ao lado da porta. Segui para o quarto onde tira a roupa e vai para o banho.

- Estou morto de fome. Fez algo para comermos? - Gritou dentro do banheiro.
- Fiz frango com batata, e tem canelone - respondo.

Enquanto ele toma banho cantando, preparo a mesa para jantar. Ponho os pratos, talheres, e copos alinhados, como se fosse ainda nos primeiros dias. Torço para que ele se surpreenda, tudo como deveria ser.
Já vestido ele vem sorrindo com seu sorriso largo, e diz adorar o cheiro da comida. Nos servimos ainda de pé. Ele pega o prato após servir o suco para nos dois, e vai se sentar no sofá.

- Não. - Digo com olhar de reprovação.
- Que que foi? - ele me diz sem entender.
- Af, deixa. - Respondo.
- Poxa, fala!
- Arrumei a mesa mew, custa sentar aqui? - Resmungo.
- ok ok - responde rindo.

Durante o jantar falamos sobre seu dia, e como as aulas estão cada vez mais puxadas. Comento sobre meu trabalho, e de que preciso desancar. Após acabarmos ele me ajuda a lavar a louça do jantar, seca e guarda. O silêncio é constante até ser quebrado por um bocejo. São  quinze para uma da manhã. Passo a mão sobre o cabelo castanho dele. Vamos para o quarto, após apagar as luzes do apartamento.
Deitado na cama, olhando para o teto, escuto ele fechar a mochila e separar algumas roupas para eu poder trabalhar amanhã. Ainda lembro dele perguntando se podia escolher minha roupa de trabalho a cada dia. Ele põem o iPhone para carregar, apaga a luz. Agora sinto ele subir na cama, deitar no meu peito, com a mão na minha barriga.

- Você está calado hoje... - questiona ele.

Ainda calado, respondo não com movimento da cabeça.

- Ta tudo bem fer? Você está estranho - questiona outra vez.
- Impressão sua. - Respondo beijando a testa dele.

Ele se movimenta na cama, levantando e acende a luz. Ao voltar pra cama observo ele me olhando com aquele par de olhos verdes, que me deixa alucinado.

- Que foi? - Pergunto
- Sei lá, você que deveria me dizer. - ele afirma.
- Eu estava pensando... E se naquela época, você não tivesse tido a coragem de vir para SP, se tivesse ficado na sua cidade, feito faculdade por lá, conhecido outro cara, namorado ele. Se ele fosse mais alto que eu. E se tivesse sido mais feliz do que comigo...
- Ham? Porque está falando isso? - pergunta confuso.
- Eu amo você - beijo ele - mas o destino as vezes é louco. Não imagino um futuro sem você. É estranho! - Respondo rindo.
- Tu 'ta' pensando bobagem. Amo você. E eu sempre soube que cedo ou tarde isto iria acontecer - afirmou.

Nos beijamos, e trocamos carinho. Ficamos por um momento assim, e me dei conta de como somos felizes juntos. Acho que somos grandes amigos, e bons amantes apaixonados.

- quem vai apagar a luz?
- vai lá?
- Mas ficar agarradinho em você é tão bom!

Rindo, levanto, apago a luz, volto pra cama. Abraço ele e pergunto:

- Quer viajar?
- Ham?
- Que tal conhecermos algum lugar?
- Qual sua idéia?
- O mundo. Londres, Grécia...
- EUA, Alemanha.
- Podemos ir para Buenos Aires nas férias!
- Sério?
- Sim. O mundo é nosso!
- Amanhã vou ver pacote então.
- Ok.
- Vamos nanar?
- Boa noite
- Bons sonhos.
- Este é meu sonho!
- amo você.
- Também te amo nene.