29 julho, 2012

FOI

O mês novo está chegando e você nunca mais me ligou. Mas e se eu te ligasse e falasse sem pausa tudo o que ficou guardado no peito depois do adeus? Que desgraça seria! Nossas conversas, nosso gesto, nosso elo e mais coisas que se perderam depois daquele maldito sábado. Penso que eu poderia ter sido definitivo, que eu poderia não deixar a sua mão largada daquele jeito, encontrar seus casacos no fundo do guarda-roupa um dia, interpretar sua cara de quem aprontou mas nunca teve coragem de me revelar confissões, te beijar até te deixar com o rosto vermelho. Agora o que vejo é tão vago. Sinto saudade da nossa risada sem sentido que achava a graça escondida nos cantos, do sotaque que usava pra me deixar mais apaixonado, do seu olhar que me dizia baixinho o quanto eu morava em seu desejo, da ansiedade de descer na rodoviária e te ver chegar. Mas sabe o que me afunda? Sabe o que me persegue de verdade em pesadelo acordado? Já deixei de ser seu vício. Queria te dizer que nenhuma boca fica tão bonita quanto a sua quando eu beijo e que tanta coisa me relembra você. Porque gente inconsequente como eu não tem mais receio de se perder. E eu não tenho mesmo. O que tenho é notícia boa e momentos em que me gabo de você. Já valeu a pena. Pra todo mundo que pergunta eu digo que você fez loucura comigo. E aí? Foi bom. E foi tudo. E deixou uma falta maior. Você bem que podia me chamar para tomar um refrigerante. Odeio refrigerante, você sabe que eu detesto refrigerante. Só iria querer beber você. Por você.