10 julho, 2011

NÃO ADIANTA

   Tenho uma concepção de amor tão diferente da que tinha a uns quatro anos atrás. Perfumes não duram pra sempre, mas a lembrança do cheiro permanece, já o buraco na alma com o tempo some. O único problema é que não existe buraco nenhum a ser preenchido, não existem feridas a serem saradas. Tomei a liberdade de me auto-medicar todos esses anos e sem querer eliminei a naturalidade do sentir, do guardar o que é bom. Meu sistema me auto-protege mesmo sem eu querer. Enfie uma flecha no meu peito, e poderá ver que não sentirei dor ao removê-la e não morrerei de amor, mesmo se eu quisesse morrer dele. Eu enxergo o passado, vejo meu coração bater. Enxergo o presente, vejo um coração robótico bater lentamente, a bateria está fraca. Eu enxergo o futuro, a bateria acaba. Ela não é recarregável, modelo único.