31 dezembro, 2013

ESSE É PRA VOCÊ

Me peguei pensando em você como muitas outras vezes, entretanto, dessa vez me questionei o porquê de você não ter um texto meu, nenhuma estrofe ou frase exagerada que me fizesse lembrar de você quando tiver passado anos e eu for olhar o histórico deste blog.

Fui me questionando de eu nunca ter escrito um texto sobre você. Você sempre foi o único garoto que me amou. E eu nunca te escrevi nem uma frase num papelzinho amassado. Fui relembrando daquela sua foto de camiseta vermelha, em que você está com a cabeça de lado e com os olhos meio fechados. O seu lábio inferior brilha tanto naquela foto, que dá vontade de beijar e posiciona-la sobre meu peito em seguida... Mas mesmo assim, não escrevi nada a respeito desta. Você é aquele tipo de garoto que fica cada vez mais lindo com o tempo, não é modo de falar, é serio. Esses tempos estava vendo uma foto sua com a camisa do grêmio, você era tão novinho. Naquela época eu te achava tão fofo. Mas mesmo assim, não escrevi nada a respeito disso.
Teve aquela tarde que eu fui comprar bolinhos de bacalhau para minha mãe, e eu estava muito irritado. Você me mandou um sms dizendo que tinha passado no vestibular e ia cursar direito. Então eu tive a melhor tarde daquele ano. Porque sua felicidade, é a minha felicidade. Depois você começou a namorar e deixou, finalmente, de gostar de mim. Claro que eu fiquei com ciúmes e senti uma falta absurda de você. Mas ainda assim, não escrevi nada a respeito disto.

Você não foi como os outros. Não partiu e deixou uma saudade corroendo por dentro, nem sequer mentiu pra mim. Você estava lá quando eu compartilhava uma música que deveria ser pra você, mas era para algum dos figurões (uns babacas na verdade) com quem eu estava me relacionando. Você aprendeu a me conhecer como ninguém mais se esforçou. Descobriu minha cor predileta e até qual meu tipo de fast-food mais cobiçado. Descobriu que meu café predileto não é de um lugar cujo o logo é uma sereia com duas caldas, mas sim o velho forte e tradicional café preto. Mas mesmo assim, não escrevi nada a respeito deste.

Eu sempre amei infinitamente mais a sua companhia do que qualquer companhia do mundo, mesmo nunca tendo demonstrado isso. E mesmo assim, nada, nadinha escrito, sequer uma palavra sobre você...

Até essa madrugada, em que você, pela primeira vez, me deixou te olhar e me ignorou. E foi por isso, porque você deixou de ser o menino que me amava, e passou a ser só mais um que me tem, que me fez chorar, que você, como todos os outros, tem um texto meu.